Histórico

O automobilismo é um esporte muito difícil, que requer uma vontade enorme para ultrapassar as barreiras que vão surgindo pelo caminho de quem quer seguir carreira de piloto. Nas minhas entrevistas tenho ouvido todos os tipos de histórias de começo de carreiras. Uns iniciam pelo kart, outros pelas escolas de pilotagem e depois tentam subir de categoria até chegar as mais importantes. Uns poucos privilegiados conseguem seguir esta trilha e chegar ao topo, mas a maioria fica pelo caminho e decide fazer outra coisa mais fácil.

Tem um outro tipo de piloto, que desde o início, mostra uma obstinação ímpar, conseguindo fazer coisas praticamente impossíveis para realizar o seu desejo. É o caso do paulista Adalberto Jardim, uma pessoa que não tinha a menor condição financeira para iniciar uma carreira nas pistas, mas mesmo assim, lutou com unhas e dentes e conseguiu chegar lá. Começou “correndo” de Corcel Binno surrupiado da garagem do pai, não nas pistas, mas na Avenida Sumaré, em São Paulo, escondido dos guardas. Ele me contou que as “provas” eram bem organizadas, com a avenida fechada de ambos os lados e os “pilotos” tinham que correr sempre “concentrados”, não com o carro, mas com a polícia que podia chegar a qualquer hora e levar todo mundo em cana.

Por sorte nunca foi pego, e um belo dia caiu na real e foi tentar sua carreira nas pistas. Com muito esforço, em 1982 conseguiu comprar financiado um Doginho Polara 1.800 e foi fazer uma prova de estreantes e novatos em Interlagos.

No primeiro dia tomou uma cacetada na antiga curva Um e teve o seu carro totalmente destruído. Pagou as prestações por muitos e muitos anos, só pensando em um dia voltar a correr. Conseguiu um bom emprego de vendedor de produtos químicos para curtumes, e a bordo de uma moto DT 180, uma vez que o carro foi destruído em Interlagos, viajava por todo o Brasil vendendo os seus produtos. Trabalhou muito e juntou algum dinheiro, o suficiente para dar a entrada num Opala Stock Car usado, muito usado, que na verdade já estava aposentado das pistas. Aos poucos o Jardim foi montando o velho e bom Opala, com peças usadas de outras equipes. Finalmente em 1984 conseguiu botar o velho Opala na pista e de lá para cá, foram 21 anos consecutivos sem faltar em uma única prova! No início muito apertado, procurava fazer as vendas dos produtos químicos nas mesmas praças aonde haveria corrida no fim de semana, desta forma só gastava dinheiro com as viagens uma única vez. Ia para as corridas com a motocicleta, muito mais econômica que qualquer outro meio de transporte. Batalhou muito e aos poucos foi conseguindo patrocinadores e melhorando a qualidade de seu equipamento. Foi vice-campeão brasileiro em 1993 e é o 5º maior vencedor da categoria, com 14 vitórias e igual número de poles positions. Nesses anos todos na Stock Car, nunca teve uma desclassificação, nem por motivos técnicos nem desportivos. Ganhou por 3 anos consecutivos o título de piloto mais combativo e mais leal. Sempre jogou duro, mas de uma forma limpa.

Mudança de categoria

Em 1999 foi convidado pelo amigo e piloto Djalma Fogaça (Ford DF-Motorsport), para fazer um treino em Guaporé, autódromo muito usado por sua e-quipe. Andou tão bem, que o Fogaça o convidou para participar da próxima prova em Tarumã no seu lugar, uma vez que ele ainda não estava totalmente recuperado de um acidente nas pistas. O Jardim fez uma ótima corrida e subiu no pódio na 3ª colocação. Em 2006, surgiu outra oportunidade para guiar um Truck, desta vez a convite do piloto Renato Martins (Volks/RM-Competições). Novamente se deu bem, virou ótimos tempos o que motivou o Renato a construir um 5º caminhão. O Truck ficou pronto para a prova de Interlagos, onde o Jardim de cara fez a pole position e as 4 melhores voltas da corrida. Só não venceu por que o caminhão quebrou quando ele estava disparado em 1º lugar. Eu que estava em Interlagos, cobrindo a corrida, fiquei muito feliz de ver o Jardim novamente motivado e barbarizando na pista. Na verdade, já há algum tempo ele não vinha andando muito bem na Stock, sua equipe por falta de patrocínio não conseguia fazer um bom carro para que ele disputasse as corridas como sempre fez. Então vê-lo extremamente animado, suando o macacão atrás de um bom e tempo e conseguindo, agora numa grande e bem estruturada equipe, me dá a certeza de que o Jardim fez a troca certa, mergulhou com tudo na Truck, e certamente vai voltar a vencer. É um grande profissional que merece esta nova oportunidade. Ele vai dar o que falar.

Texto de Paulo Valiengo

Em 2006, transferiu-se para a categoria Fórmula Truck, levando sua grande expêriencia já na 1a prova fez a pole position e liderou a prova, e sempre esteve entre os primeiros no restante do campeonato na RM Competições. No ano de 2007, dentro da categoria de caminhões teve equipe própria tendo experiência, além do caminhão Volkswagen na RM, também com caminhão Scania. No ano de 2008 teve participação na consolidação da marca Iveco na F-Truck, pois foi o primeiro piloto do time com a vinda efetiva da montadora para a competição. Já na temporada de 2009 passou a compor o time da DF Motorsport do amigo e piloto Djalma Fogaça com caminhão Ford. Com a vinda para a Boessio Competições e passar a pilotar um caminhão Volvo, Adalberto já passou pela experiência de pilotar 5 marcas diferentes na categoria de caminhões, com isso é atualmente o maior conhecedor das diferenças entre os bólidos e assim com uma capacidade ímpar de preparação do truck para competição. Jardim acumula larga experiência em competições automotivas. Sua estréia no automobilismo aconteceu em 1984. Em 19 temperadas na categoria Stock Car, colecionou 14 vitórias (é o quinto maior vencedor da categoria) e igual número de pole positions. Foi vice-campeão brasileiro da categoria em 1993. Jardim é reconhecido pelo talento e atitude nas pistas. Por três anos consecutivos ganhou o título de piloto mais combativo e leal.

Nos bastidores

Em 2010, além de pilotar para o time da Boessio Competições, Adalberto Jardim estreia na condição de chefe de equipe. Dono da equipe A. Jardim Motorsport, vai competir na Copa Chevrolet Montana, o piloto tem sua volta à categoria da Stock Car marcada pela parceria com seu ex-preparador e amigo Anésio Hernandes. Juntos eles conquistaram muitas vitórias e dividiram inúmeras alegrias. Jardim e Anésio têm um novo projeto para a temporada 2010, atuando na Copa Chevrolet Montana, no qual vão trabalhar com o objetivo de crescer, dentro de fora das pistas. Na parceria, Jardim trabalhará na área promocional e relação com patrocinadores, enquanto Anésio ficará responsável pela parte técnica.

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